Inaugurada em maio no Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), a primeira antena de conectividade 5G em área rural do Brasil ainda não entrou em funcionamento. A espera da conexão de internet de alta velocidade está ligada à regulamentação da rede no país, que depende de um leilão para a concessão das faixas de radiofrequência, marcado para o dia 4 , na sede da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em Brasília (DF).
Há 15 empresas interessadas no leilão, que reúne, entre elas, as grandes operadoras de telefonia no país, como Claro, TIM e Vivo. A licitação será destinada a quatro faixas de radiofrequências: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz, divididos em lotes nacionais e regionais.
A estimativa, se todos os lotes forem arrematados, é de uma arrecadação de R$ 49,7 bilhões, com R$ 3,06 bilhões deste montante destinados ao Tesouro Nacional. O restante será voltado a investimentos previstos no edital, por conta das empresas (R$ 39,1 bilhões), o que inclui, por exemplo, uma rede exclusiva para o governo em Brasília.
Os outros R$ 7,57 bilhões deverão ser investidos para custeio de internet em escolas de educação básica.
A expectativa é que as 26 capitais do país e Distrito Federal tenham a conexão com o 5G até julho de 2022.
No Senado Federal, no final de outubro, parlamentares e especialistas cobraram a cobertura de internet em áreas remotas do Brasil e prazos sobre a data de implantação de rede nessas áreas. O edital do leilão prevê alguns compromissos.
Aproximadamente 2 mil municípios sem cobertura plena e mais de 500 municípios com até 600 habitantes deverão ser atendidos ao menos com redes 4G e também está previsto sinal de internet em 48 mil quilômetros de rodovias federais.
No IMAmt, em Rondonópolis, foi realizado um teste com a internet de alta velocidade em 11 de maio deste ano, durante a inauguração da primeira antena de rede 5G em área rural do país. O evento contou com a presença dos ministros Tereza Cristina Corrêa (Agricultura) e Fábio Faria (Comunicações).
Desde lá, o instituto aguarda a regulamentação do 5G no Brasil para poder colocar em funcionamento os projetos que tem elaborado visando o uso da rede.
Primeira antena de conectividade 5G em área rural do Brasil está no Mato Grosso. Foto: IMAmt
O diretor-executivo do IMAMT, Álvaro Salles, explica que a ideia, por enquanto, é que a área experimental do instituo funcione como “uma vitrine de conectividade” próxima a pequenas propriedades rurais com agricultura e pecuária e que sejam desenvolvidas aplicações para o uso do 5G.
“Ainda não temos o 5G, mas a ideia é estar com alguns projetos discutidos, desenvolver 'armadilhas' para monitorar eletronicamente o controle de pragas, principalmente, no caso do algodão, como o bicudo [besouro do bicudo-do-algodoeiro], desenvolver o monitoramento de máquinas, e também a parte de segurança no meio rural”, destaca.
Salles afirma que o aumento da segurança foi eleito como uma das prioridades no desenvolvimento de sistemas de monitoramento para maior controle das áreas rurais à noite, com possibilidade de conexão direta com forças de segurança.
“Hoje a gente sabe que a área rural é muito desprotegida, com roubos de animais e de tratores. As sedes são distantes umas das outras - não como nas cidades. Muita gente não quer morar na fazenda por falta de segurança. Então, é um assunto que priorizamos desde o início e esperamos avançar bem nessa parte”.
Salles também destaca que a expectativa é que, com a chegada da internet de alta velocidade, os trabalhos avancem em temas como o funcionamento de máquinas, de serviços, monitoramento climático e de umidade do solo.
A chegada da tecnologia 5G promete uma transformação na produção do agronegócio com a integração de dados e informações que conectem solo-planta-animal.
Outro setor que deve ser impactado pela nova geração de internet é o de educação. Além do valor previsto para investimento na educação básica, com o resultado dos arremates do leilão, a formação técnica também deve ser beneficiada na região de Rondonópolis.
Por isso, o IMAmt firmou convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) para ofertar cursos de capacitação que demonstrem aos alunos o uso e como utilizar essa tecnologia. Também está em negociação outra empresa do Sistema S para fazer aplicação do 5G no ensino da região. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) oferta o curso de agrocomputação para conectar a escola ao campo.
“Os alunos, por exemplo, vão ver em tempo real o que está acontecendo no campo experimental. A ideia é conectar tudo o que for máquina móvel, o que se mover o gerente da propriedade vai poder saber o que está funcionando, como um trator ou plantadeira se deslocando. A gente quer conectar todos os nossos equipamentos no sistema”, acredita.
Foto de capa: IMAmt